- Oh! Eu amo essa música!
- Pois eu não, ela é muito triste.
- Triste? Mas é uma música de superação. Ela mostra que a gente pode mais, que mesmo depois de todas as dificuldades e de se sentir a pior existência do universo ainda tem como dar a volta por cima e fazer o mundo enxergar que nós não somos sua pior criação, que somos incríveis, que somos fireworks!
- Ao acaso não é triste que alguém algum dia se sinta como uma sacola descartável? Ninguém deveria se sentir assim.
- Mas todos se sentem algum dia na vida. E quando isso acontecer, é bom saber que teremos uma música para ouvir e nos motivar.
- Isso não é justo.
...
- Qual é o verdadeiro motivo de você não gostar dessa música?
- É uma música bonita, mas foi a última música que ele me mandou antes de sumir... Mude logo essa música.
- Não, eu não posso aceitar isso. Quantos anos já fazem?
- Cinco? Seis?
- E quantas vezes ele já sumiu desde a primeira vez?
- Cinco? Seis?
- E ele alguma vez deixou de voltar? De te ajudar quando precisou?
- Não.
- Então por que você se prende a uma música? Uma música que nem sentido faz, uma música qualquer que um dia te mostraram e você resolveu dar um significado a ela porque a pessoa que te mostrou era uma pessoa importante para você. Daqui a pouco não vai haver uma música sequer que não te desperte profundo sentimento.
- E quase não tem mesmo. Mas é para isso que as músicas foram feitas, pelo menos essas músicas mais novas. Uma letra que colocada por extenso não faz lá muito sentido, mas quando cantada, com ritmo e melodia, se torna tocante. Todas as músicas passam um sentimento, ou pelo menos uma sensação.
- Ouvir música não é pouca coisa para você, hein?
- De modo algum. E elas só vêm em tempos emotivos, em ciclos. A música é uma ferramenta de amplificação ou de mudanças. Quando não é necessário, não ouço músicas.
- Não ouvir músicas, está aí uma coisa triste de verdade.
